Noite estrelada, lua crescente no céu em uma forma clássica de C.
Saio de casa um pouco atrasada para ir ao trabalho. Uso casaco de moletom e ando apressada. Coloco o capuz, porque estão agradáveis 18 graus, com um ventinho que deixa minhas orelhas geladas. Corto o caminho pelo estacionamento do prédio, pra chegar ao ponto de ônibus mais rápido.
Pouco antes de chegar a calçaca, uma moça cruza meu caminho. Andamos no mesmo ritmo, ela uns 3 passos a minha frente.
Fico do outro lado da calçada, porque estamos em época de COVID e distanciamento social. Ela olha pra trás. Me encara com seus olhos azuis. Olha pra frente de novo.
Eu olho pra rua a direita, pra ver se o ônibus está vindo a distância. Percebo pela visão periféria que ela me encara novamente.
Será que está com medo de mim? Por quê? Será que é porque estou vestindo o capuz do casaco?
Ela volta a olhar pra frente. Penso em correr, caso o ônibus apareça ao longe. Mas isso só vai assustá-la ainda mais. Penso em falar: não se preocupa, não vou fazer nada com você. Mas acho que isso só vai assustá-la ainda mais. Não posso diminuir o ritmo da caminhada, pois a qualquer momento o ônibus iria passar.
Pela terceira vez, ela olha pra trás e me encara.
O que eu fiz pra ela estar tão desconfiada de mim? Será que se eu realmente quisesse fazer algo, estaria andando atrás dela, tão perto, esse tempo todo? Já não teria feito algo a essa altura?
Pela terceira vez ela olha pra frente. E corre.
Agora está a uns 10 passos a minha frente. Sigo aliviada, pelo menos ela vai parar de ficar me encarando. Será que se tivesse um carro de polícia por perto, ela teria corrido até eles pedindo ajuda, mesmo eu não tendo feito absolutamente nada? Imagino como seria a situação, eles me parando pra ver meus documentos, e eu com pressa querendo chegar ao trabalho na hora.
Na esquina, ela segue pra um lado, eu, para o outro. Ufa. Ameaça passada. Posso seguir meu caminho até o trabalho tranquila. Me pergunto se, ao chegar em casa, ela não vai contar pra família que foi "perseguida" na rua a noite. Pode até usar adjetivos como "pessoa mal encarada". Eu esperaria esse comportamento no Rio de Janeiro, não em Toronto. Mesmo a noite. Será que ela já sofreu algo? Ou será que é só mais um medo irracional devido às notícias divulgadas ou a uma história que ouviu da prima do amigo da vizinha? Penso em todas as vezes que fiquei com medo de andar na rua, ou desviei meu caminho quando via alguém vindo em minha direção. Com certeza, poucas vezes era uma ameaça real. Até que pondo devemos ter medo das pessoas a nossa volta?
Até mais,
Mari!
PS:Passo um tempo sem vir aqui postar, e, quando volto, descubro que atualizaram o sistema -.-' há quase 10 anos eu tenho esse blog e nunca vi uma atuaçização que mudou tanto o Layout. Eu estava até feliz pesando que eles nunca iam atualizar, já que é um site antigo e talvez ninguém mais usasse e nem se lembrassem da existência dele, além de mim haha ach o que estava enganada e terei que reaprender a mexer de novo <õ> -.-'
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