7 meses de Canadá!

É... hoje fazem 7 meses que chegamos aqui no Canadá (perdi a data do post de 6 meses <õ> então a gente compensa hoje xD)! Nem dá pra acreditar que já passou tanto tempo. Mas ao mesmo tempo, considerando tudo o que aconteceu nesse período, parece que estamos aqui há bem mais tempo. Claro que eu não poderia deixar a oportunidade passar de fazer um post reflexivo sobre esse período.

Primeira coisa que a gente percebe é que vida de imigrante não é fácil. A gente achava que a ansiedade e angústia do Express Entry seriam a pior parte, mas foi só o test drive pro que estava por vir! As dificuldades enfrentadas são diárias, mas acho que as principais até agora foram barreira com a língua, dinheiro e choques culturais. Da mesma forma que muitas vezes são situações interessantes, aprendizados e adaptações, ainda assim, algumas coisas se leva um tempo pra acostumar!

Mas a notícia boa é que tudo vai melhorando com o tempo e a persistência. Depois de 7 meses a gente já não tem mais tanto medo de conversar com as pessoas e nem gagueja mais. Mas os erros de inglês e falta de vocabulário ainda atrapalham de vez em quando. Você já se acostumou a não entender nada do que as pessoas falam ao seu redor (porque falam na língua nativa) e a não se preocupar em baixar o tom de voz quando vai falar alguma coisa na rua, mesmo que seja seu segredo mais profundo, porque ninguém vai entender mesmo (a não ser que você dê o azar de ter alguém que fala português por perto - e eu já fui essa pessoa hahaha). E às vezes ainda acontece de quando estão falando em inglês com você, você não entende nada e só concorda pra pessoa não ficar chateada ou estressada por você já tê-la feito repetir algumas vezes... (isso acontece principalmente com as pessoas que tem um sotaque muito puxado)

E é incrível como você começa a perceber como a cultura das pessoas de diferentes países é tão diferente e variada! E na sua cabeça começa até a fazer sentido que no Oriente Médio tenha tanta guerra e disputas. Você começa a se lembrar sempre do seu dentista, porque sempre tem gente com UM MONTE de tártaro na boca. Mas quando vêem você escovando os dentes no trabalho, depois de comer, te perguntam se é porque você tem algum problema nos dentes!! Existem pessoas, policiais, motoristas de ônibus, vizinhos, guardinha de trânsito, estranhos caminhando simpáticos no mundo e que dizem bom dia/tarde/noite! E você percebe que isso talvez não aconteça mais tanto no Brasil porque as pessoas saem nas ruas com medo uns dos outros! Ao mesmo tempo, sente falta da animação e amizade fácil dos brasileiros. Entende porque muitas vezes as pessoas acabam fazendo amizade com outras do mesmo país de origem ao invés de abrir pra todas as possibilidades. E também descobre porque brasileiro geralmente se dá bem no exterior! Acha curioso como no Brasil, quando alguém fala que é vegetariano, todo mundo olha com uma cara de "como você sobrevive?", mas existem vários países em que as pessoas são vegetarianas desde criancinha e não tem esse tipo de preocupação. Descobre que pessoas que moravam na antiga União Soviética acham que o Canadá de hoje em dia lembra o país de origem naquela época, pela questão multicultural!! <õ> E vê que no Brasil é o máximo quando alguém fala duas línguas. 3 então, é extraordinário. Mas existem vários países que desde criancinha as pessoas aprendem 3 ou mais facilmente (e não estou falando do Canadá!!)

Acho que a pior parte até agora ainda é a questão do dinheiro. Algumas pessoas tem "sorte" (experiência em uma área boa e em demanda) e já chegam ao Canadá empregadas. Ou conseguem achar empregos bons nas primeiras semanas. Infelizmente eu e o Armando não nos incluímos nesse  seleto grupo, mas isso não quer dizer que não é possível pra gente também! Acredito que por isso mesmo as dúvidas e o caos se tornam uma constante também! (será que fico na área? Mudo? Faço mestrado? Estudo? Será que Toronto foi a melhor opção?). Mas a maior diferença entre aqui e o Brasil é que aqui há oportunidades. Nós sabemos que essa fase de dinheiro curto é temporária e que temos a possibilidade de melhorar com o tempo (coisa que não tínhamos no Brasil). Mesmo que a gente trabalhe ganhando o salário mínimo, dá pra viver. E quando a gente lembra dos mais antigos (avós e tals) que foram para o Brasil há anos atrás e trabalharam na lavoura no começo e com o tempo conseguiram montar família e até ter casa?! Claro que o tempo e as condições são outras (provavelmente o Brasil não sofria de uma bolha imobiliária como Toronto está passando agora), mas essas pessoas nos servem de inspiração pra seguir em frente e ter paciência! :D Aliás, paciência é a palavra-chave do momento!

No começo é um pouco difícil de se adaptar as mudanças. Mas depois de 7 meses você já se acostuma a não ter medo de andar na rua. Ou medo de andar de noite. Já conhece bem o sistema de transporte e sabe que não vai mais esperar muito na parada de ônibus/metrô/bondinho. Já se acostumou a pagar preços justos nas coisas. A ter promoção de verdade. A usar cupons sempre que dá! A ter opções de produtos de qualidade e a comprar coisas que você jamais pensaria em ter no Brasil. A não comer arroz e feijão todo dia. Mas também sabe que, se quiser, tem como comprar comida brasileira por aqui, só procurar. Aprende a aproveitar o momento e cada estação do ano em toda a sua essência. Sabe que -20 não mata ninguém (na verdade mata sim, mas só ficar agasalhado corretamente que é sussa!). E que no verão pode fazer mais de 30, sim! Mas ainda fica surpreso com várias descobertas, que geralmente acontecem todo dia! 

A verdade é que todas as dificuldades servem pra gente aprender e melhorar como indivíduos :) Afinal, se a vida ficasse na mesma sempre, não teria porque querer aprender ou melhorar, não é mesmo? A única coisa que não consigo entender ainda é que, quando eu falo pras pessoas virem pra cá, muitas dizem não!! Tá, agora eu até entendo que não é todo mundo que tem energia ou cabeça pras dificuldades enfrentadas (tanto é que muita gente volta. O que também não acho que seja algo ruim de acontecer. Cada um tem seus motivos e experiências. O importante é que tentou, aprendeu o que tinha pra ser aprendido e viveu o que tinha que ser vivido). Mas ainda assim, não entendo porque não vir todo mundo pra cá!! <õ>

Até mais,

Mari! =)